São inúmeras as vantagens da amamentação para a
criança, a mãe, a família e a sociedade em geral.
O efeito mais dramático da amamentação se dá sobre a
mortalidade de crianças pequenas, graças aos inúmeros
fatores existentes no leite materno, que protegem contra
infecções comuns em crianças como diarréia e doenças
respiratórias agudas.
A associação entre mortalidade infantil e ausência de
aleitamento materno é modificada por diversos fatores de
ordem demográfica, socieconômica, dietética e ambiental.
A proteção conferida pelo leite materno contra mortes
infantis é maior em crianças pequenas, exclusivamente
amamentadas, residindo em locais onde há pobreza, pro-
miscuidade, água de má qualidade e alimentos contaminados
e de baixa densidade energética
Na Malásia, por exemplo, o número de mortes devido à alimentação com
leite não humano de crianças menores de 1 ano foi estimado
em 28 a 153 para cada 1000 crianças nascidas vivas,
dependendo das condições sanitárias e do acesso à água
potável
Uma meta-análise recente baseada em seis conjuntos
de dados provenientes de 3 continentes (Brasil, Filipinas,
Gambia, Gana, Paquistão e Senegal), mostrou uma mortalidade
por doenças infecciosas 6 vezes maior em crianças
menores de 2 meses não amamentadas, quando comparadas
com crianças alimentadas no peito. A proteção diminuía à
medida que a criança crescia, variando de 1,4 a 4,1 em
crianças de 2 a 12 meses e de 1,6 a 2,1 no segundo ano de
vida. A proteção contra mortes por diarréia foi muito maior
que a proteção contra mortes por infecções respiratórias
nos primeiros 6 meses. Contudo, após esse período, a
proteção contra mortes por essas duas doenças foi semelhante.
O estudo chama a atenção para o fato de que,
enquanto a proteção contra mortes por diarréia diminui
dramaticamente com a idade, a proteção contra mortes por
infecções respiratórias se mantém constante nos primeiros
2 anos de vida.
O aleitamento materno previne mortes desde os primeiros
dias de vida, como comprova um estudo europeu
multicêntrico sobre mortalidade por enterocolite necrotizante
Recém-nascidos pré-termo não amamentados ou
em aleitamento misto tiveram uma chance 10,6 e 3,5 vezes
maior de morrer por enterocolite, respectivamente, quando
comparados com seus pares amamentados exclusivamente.
Além de diminuir a mortalidade, o leite materno protege
contra incidência e gravidade das diarréias, pneumonias
otite média, diversas infecções neonatais e outras infecções.
Em documento recente, a Academia Americana de Pediatria
cita, entre os benefícios já mencionados, uma
possível proteção do aleitamento materno contra a síndrome
da morte súbita do lactente, o diabete insulino-dependente,
a doença de Crohn, a colite ulcerativa, o linfoma, as
doenças alérgicas e outras doenças crônicas do aparelho
digestivo.
Além da proteção contra as doenças, o leite materno
propicia uma nutrição de alta qualidade para a criança,
promovendo o seu crescimento e desenvolvimento. É importante
lembrar que as crianças amamentadas podem
apresentar um crescimento diferente do das crianças alimentadas
artificialmente. . As crianças amamentadas
exclusivamente ao seio, mesmo nos países desenvolvidos,
apresentam uma diminuição no escore z do índice peso/
idade da curva de crescimento do NCHS a partir do terceiro
mês, que persiste até o final do primeiro ano de vida.
São inúmeras as vantagens da amamentação para a
criança, a mãe, a família e a sociedade em geral.
O efeito mais dramático da amamentação se dá sobre a
mortalidade de crianças pequenas, graças aos inúmeros
fatores existentes no leite materno, que protegem contra
infecções comuns em crianças como diarréia e doenças
respiratórias agudas.
O aleitamento materno na prática clínica
Breastfeeding in clinical practice
Elsa R. J. Giugliani*
S250
Jornal de Pediatria - Vol. 76, Supl.3, 2000
Vídeo sobre Amamentação:
http://www.sbp.com.br/videos/video_completo.wmv