Diabetes tipo 2 em adolescentes e adultos jovens  

Diabetes tipo 2 em adolescentes e adultos jovens é cada vez mais comum, em artigo publicado pelo The Lancet Diabetes e Endocrinology

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Diabetes tipo 2 em adolescentes e adultos jovens é cada vez mais comum, em artigo publicado pelo The Lancet Diabetes e Endocrinology

Na revisão publicada pelo The Lancet Diabetes1 & Endocrinology, pesquisadores da School of Life and Health Sciences, Aston University, Birmingham, no Reino Unido, descreveram a epidemiologia e os conhecimentos existentes até o momento sobre fisiopatologia2, fatores de risco, complicações e manejo de diabetes1 tipo 2 em adolescentes e adultos jovens.

A prevalência3 de diabetes1 tipo 2 em adolescentes e adultos jovens está aumentando dramaticamente. Semelhante ao diabetes tipo 24 de início mais tardio, os principais fatores de risco predisponentes são obesidade5, história familiar e estilo de vida sedentário. O início do diabetes1 em uma idade mais jovem (aqui definido até 40 anos de idade) está associado à maior exposição a doenças e aumento do risco de complicações crônicas. O diabetes tipo 24 de início precoce também afeta mais indivíduos em idade laborativa, acentuando os efeitos sociais adversos da patologia6. Além disso, acumulam-se evidências de que o diabetes tipo 24 de início precoce possui um fenótipo7 de doença mais agressivo, levando ao desenvolvimento prematuro de complicações, com efeitos adversos na qualidade de vida e resultados desfavoráveis no longo prazo, aumentando a possibilidade de uma catástrofe futura na saúde8 pública.

Até meados dos anos 90, apenas cerca de 4% dos novos casos de diabetes1 tipo 2 ocorriam em crianças. Até então, se uma criança tivesse diabetes1, o mais provável era que fosse do tipo 1. É por isso que a comunidade médica se referia a ela como diabetes juvenil9. No entanto, começamos a observar um aumento na incidência10 de obesidade5 em crianças e também uma maior prevalência3 de diabetes tipo 24. Atualmente, o número de crianças que são diagnosticadas com diabetes tipo 24 quase triplicou, de forma que denominar a diabetes tipo 111 de diabetes juvenil9 é incorreto.

A fisiopatologia2 do diabetes tipo 24 em crianças e adultos é bastante semelhante. A marca registrada é a resistência à insulina12, com uma diminuição na produção de insulina13 pelo organismo. As crianças que são diagnosticadas com diabetes1 tipo 2 terão uma diminuição de aproximadamente 80% no número de células14 das ilhotas15 beta do pâncreas16 no momento do diagnóstico17. E, além disso, na criança também está acontecendo um processo diferente que é a puberdade.

Aos 10 anos de idade, as crianças têm uma resistência fisiológica18 à insulina13. Quando adicionada à obesidade5, pode-se ver uma comorbidade19 grave como a encontrada em crianças diagnosticadas com diabetes tipo 24. Portanto, a obesidade5 combinada ao fato de que o corpo naturalmente é fisiologicamente menos sensível à insulina13 no início da puberdade, soma poder à resistência à insulina12. Entre os 14 e 19 anos, vê-se um aumento no hormônio20 do crescimento que também leva à resistência insulínica. Todos esses fatores se alinham e são a razão pela qual as crianças têm maior chance, principalmente se forem obesas, de ter diabetes tipo 24.

É importante educar a criança e a família sobre o diagnóstico17 e sobre as opções e planos de tratamento. Um dos principais pontos no tratamento do diabetes tipo 24, em conjunto com a terapia farmacológica, é a modificação do estilo de vida através de programas multidisciplinares que podem ajudar essas crianças ao longo do caminho.

Vale lembrar que na triagem para o diabetes1 tipo 2 em crianças não era costumeiro usar a hemoglobina glicosilada21 (HBA1c22). Isto mudou recentemente: hoje o exame é aplicado tanto como ferramenta de diagnóstico17 quanto de triagem. No entanto, deve-se ter cuidado com alguns resultados falsos positivos que podem ocorrer, por exemplo, nas discrasias sanguíneas que podem afetar o resultado da HBA1c22, como na anemia falciforme23 e na talassemia24. Hoje, tornou-se fundamental assumir uma postura mais suspeita e procurar o risco para pré-diabetes25 e diabetes tipo 24 em crianças, pois a doença é mais comum do que costumávamos pensar.

Uma intervenção de estilo de vida familiar é o principal suporte no tratamento do diabetes1 tipo 2 em adolescentes. Existem alguns medicamentos, mas menos do que os que estão disponíveis para o tratamento de adultos.