Autismo infantil: Como a família pode ajudar na identificação  

Autismo infantil: Como a família pode ajudar na identificação dos sinais do autismo e na aprendizagem da criança com autismo

 

 

 

 

Como a família pode ajudar na aprendizagem de uma criança com comprometimento de autismo infantil e a influência da família na aprendizagem escolar

O autismo infantil é um distúrbio do desenvolvimento com diferentes fatores em sua gênese e que compromete o convívio social e a aprendizagem cognitiva em crianças.

A criança com autismo pode ter os sintomas precocemente detectado por meio de sinais que a criança apresenta e que a família e, principalmente os pais, podem identificar no convívio diário com a criança.

Os sinais iniciais do autismo infantil são percebidos pelo distanciamento afetivo da criança, dificuldade na comunicação ou ausência total de comunicação, isolamento social, prefere brincar sozinha, entretem-se muito com brinquedos giratórios, ficam em um mundo à parte, demonstrando pouco ou nenhum interesse em participar de atividades, sorriso ou afago.

A família não só é importante na detectação precoce destes sinais, mas também na busca e na evolução satisfatória desta criança, pois é neste meio que a criança pode e deve se desenvolver com todas as suas características, quer seja com ou sem comprometimento por causas genéticas ou ambientais.

As famílias, a despeito de suas classes sociais, se organizam de diversas maneiras além da família nuclear que é composta de pai, mãe e filhos. Atualmente há um aumento no número de famílias monoparentais, no qual apenas a mãe ou o pai está presente. Existem também famílias reconstituídas através de novos casamentos com filhos vindos dos diferentes relacionamentos. Há famílias extensas, em que várias gerações convivem juntas e ainda várias famílias coabitando em uma mesma casa. Não há limites para as combinações familiares na atualidade (MEC, 1998).

Segundo o Ministério da Educação e do Desporto, as crianças têm o direito de serem educadas no seio de suas famílias, o que é reforçado pelo Estatuto da Criança e do Adolescente que diz que a família é a primeira instituição social responsável pelos direitos básicos da criança (MEC, 1998).

Segundo Rappaport (1981), a família é o principal agente socializador, recaindo sobre os pais a responsabilidade de facilitar a seus filhos o desenvolvimento da personalidade e de comportamentos adequados ao seu sexo e subgrupo social.

Segundo a autora acima citada, o ambiente familiar resultante da prática de criação da criança irá resultar em sua competência ou não em enfrentar diversas situações, bem como seu conceito sobre si própria. Um ambiente democrático (geralmente encontrado na classe média com alto nível educacional), sem castigos físicos e com reforço positivo resultará em crianças psicologicamente saudáveis. Pais autoritários podem produzir crianças socialmente adaptadas, mas pelo conformismo, sem que atinjam possibilidades amplas de realização pessoal. Pais permissivos, inconsistentes e desorganizados, por sua vez, irão produzir filhos imaturos, inseguros e com baixa estima, sendo estes os que possuem maior dificuldade de adaptação social e realização pessoal.

De acordo com Piletti (2000) as primeiras experiências educacionais da criança são proporcionadas pela família. A criança, desde seu nascimento sofre influências da família que irão modelar seu comportamento, modo de vestir-se e outros hábitos. Os pais nem sempre percebem essa influência, que se dá de modo inconsciente. O que é aprendido dessa forma tende a permanecer por muito mais tempo.

O autor acima citado comenta que há pais que adquirem livros para seus filhos e os incentivam a ler, sem contudo que isso ocorra, porque eles próprios não o fazem. Os pais influenciam a aprendizagem dos filhos por meio de atitudes e valores que transmitem, ainda que sem intenção.

O exemplo acima se enquadra perfeitamente na teoria da aprendizagem social de Bandura que alicerça esse estudo.

Marques (1999) comenta que a aquisição do hábito de leitura provem de um preceptor, definido como alguém que teve uma relação de intimidade e cumplicidade durante a leitura ou a compra de livros e revistas, encontrado geralmente na família, mas que pode surgir posteriormente em outras situações, como no casamento.

Marturano (1999) encontrou associações significativas entre os recursos do ambiente familiar (livros, passeios a zoológicos ou museus, etc) e a aprendizagem dos filhos. Crianças que possuem mais recursos apresentam menos problemas de aprendizagem.

Piletti (2000) diz que o tipo de educação é um fator ligado à família que afeta a aprendizagem e que essa, para ser adequada deve envolver amor, paciência e coerência, propiciando aos filhos a autoconfiança e espontaneidade, o que favorece o interesse pela aprendizagem. Segundo o autor, a educação familiar de nossa sociedade é inadequada, influenciando negativamente a aprendizagem. A educação autoritária e opressora exercida por um dos pais provoca sentimentos divididos, incapacidade para o trabalho e convivência social. Exercida pelos dois pais, pode provocar uma fuga para um mundo de fantasia ou o surgimento de comportamentos agressivos ou teimosia e afetar o desenvolvimento emocional. A criança que é mimada pelos pais se dedicará aos estudos apenas quando isso for um meio de alcançar o mimo que tem em casa. Uma educação desigual, onde os pais agem de forma diferente, produzem nervosismo e agressividade que impede o aprendizado.

Segundo o autor acima citado há ainda modos de educação que valorizam a ambição, que provocam na criança falsos sentimentos de superioridade ou frustração, por não poder corresponder a expectativa dos pais. Esse tipo de educação é geralmente dada por pais que se sentem frustrados e que querem realizar por meio da criança o que não conseguiram. Uma outra coisa comum em muitas famílias é falta de amor, fazendo com que essas crianças rejeitadas sintam-se satisfeitas quando são punidas, pois estão sendo objeto de atenção, considerando que é melhor o castigo do que a indiferença. Este comportamento geralmente é repetido na escola.

Cruz (1999) diz que a capacidade de auto-controle da criança é influenciada pela forma de criação dos pais. Auto-controle é a capacidade da criança de exercer um controle voluntário sobre seu comportamento, emitindo respostas apropriadas as diversas situações que encontra, inclusive na aprendizagem. Em seus estudos, o autor comenta que filhos de pais indutivos (que raciocinam com seus filhos o porque de suas imposições) apresentam nível elevado de auto-controle, enquanto que filhos de pais punitivos apresentam um baixo nível de auto-controle. Filhos de pais permissivos ou ausentes encontram-se em um nível intermediário entre as outras duas situações.

Ferrari (2000) comenta que as expectativas familiares reforçam a dificuldade em aprender. Caso a criança seja rotulada e estigmatizada e freqüente uma sala especial por haver algum problema cognitivo, é possível que a expectativa da família tenha o efeito de fazer a criança permanecer naquele quadro.

Tricoli (2000) afirma que as relações interpessoais familiares podem ser responsáveis pelo fracasso escolar das crianças, pelo fato de elas presenciarem situações geradoras de ansiedade no lar, como episódios de agressão ou atitudes agressivas por parte dos pais, alcoolismo, sabotagem do estudo pelos pais, por meio de comparações ou comentários depreciativos.

Segundo Morais (1997) comprovou-se que crianças que provêm de ambiente familiar em que os pais estudaram, possuem maior capacidade de aprender do que crianças que os pais não estudaram, sendo isso explicado em razão do modelo e da motivação que pais letrados transmitem aos seus filhos. Se neste ambiente familiar existir livros e revistas, e se os pais lerem para as crianças, pode-se afirmar também que o interesse pela leitura se desenvolverá precocemente. Por outro lado, a ausência destes e a falta de modelos de leitura fará com que o interesse e a motivação por essa atividade não se desenvolvam, sendo até mesmo uma das causas de problemas de aprendizagem.

 

http://www.psicologiananet.com.br/autismo-infantil-como-a-familia-pode-ajudar-na-identificacao-dos-sinais-do-autismo-e-na-aprendizagem-da-crianca-com-autismo/2971/